Thais Nogueira

Political Assistant

Part of Speakers' Corner

4th December 2013 Brasilia, Brazil

Rio de Janeiro discute segurança internacional

 Felix Dane (KAS), Amb. Ana Paula Zacarias (EEAS) and Amb. Marcos de Azambuja (CEBRI) on the opening of the X Conference of Forte de Copacabana. Credits: KAS

Na última sexta-feira (29), tive a oportunidade de voltar ao Rio de Janeiro, onde morei por quase 8 anos, para participar da X Conferência de Segurança Internacional do Forte de Copacabana, uma iniciativa da Fundação Konrad AdenauerKAS e do Centro Brasileiro de Relações InternacionaisCEBRI com o apoio da Delegação da União Européia no Brasil.

Foi no CEBRI que comecei minha vida profissional e onde tive a chance de organizar e presenciar debates importantes sobre o papel do Brasil no mundo. A Conferência do Forte deste ano abordou o papel da ascensão do Brasil na ordem global de segurança e contou com mais de 20 panelistas e 200 participantes. Um verdadeiro pesadelo logístico para quem, como eu, já trabalhou com organização de eventos.

Na parte da manhã, discutiu-se a evolução da ordem global de segurança. O Ministro Rodrigo Baena Soares (CGDEF/MRE, Brasil) demonstrou preocupação com o aumento do escopo de atuação da OTAN e lembrou que conflito segue como constante na história do mundo. Baena Soares reafirmou a posição do Itamaraty de que a Organização das Nações Unidas (ONU) continua sendo o eixo central para a resolução de conflitos e que o Conselho de Segurança (CS) é o ‘único foro legítimo’ para decisões sobre intervenções internacionais. Aproveitou a oportunidade ainda para lembrar que atuação meramente militar não responde às demandas de desenvolvimento social do século XXI. Roland Schäfer (SEAE/MRE, Alemanha) notou que vivemos em um mundo cada vez mais complexo e que parcerias estratégicas são necessárias para superar e evitar conflitos. O professor Alfredo Valladão (Sciences Po/França), um dos idealizadores do evento há 10 anos, lembrou que o Brasil não é pacífico, mas sim país em paz. Para ele, não basta manter o discurso em defesa de valores universais. Está na hora de discutir e cooperar em temas específicos, como combate ao narcotráfico e à pirataria, atuação em operações de paz, resposta a estados falidos, entre outros.

Na parte da tarde, debateu-se sobre os imperativos e os perigos de intervenções. O professor Kai Kenkel (PUC-Rio/Brasil) expôs o choque de conceitos (soberania versus violações de direitos humanos) ao decidir ou não por intervir e a relação ambígua de certos países com instituições multilaterais (exigência de decisão do CS e da Assembleia Geral, contudo, quando as demandas dos países periféricos não são atendidas, há um movimento pela reforma das instituições). Kenkel citou a proposta brasileira intitulada Responsibility while Protecting (RwP) como grande oportunidade para que o país desempenhe papel de coordenação entre potências do norte e do sul, que inclua questões sociais e de desenvolvimento ao aspecto militar. Inclusive, o United Nations Association of the UK (UNA-UK) analisou o impacto dessa nova proposta na já existente norma chamada Responsibility to Protect (R2P).

O pesquisador André de Mello e Souza (IPEA/Brasil) corroborou a opinião de Kai Kenkel ao demonstrar relação causal e bidirecional entre (falta de) desenvolvimento e conflitos. Há um maior número de conflitos nos países menos desenvolvidos, com baixa expectativa de vida e baixo crescimento econômico. Para Souza, a promoção do desenvolvimento equitativo, a mitigação das desigualdades de forma horizontal e a definição de políticas direcionadas a fontes de financiamento são ferramentas para diminuir e até mesmo acabar com a incidência de conflitos.

Durante o encerramento, o Embaixador Marcos de Azambuja lembrou a recente criação do Ministério da Defesa (1999) e do lançamento da Política Nacional (2005), da Estratégia Nacional (2008) e do Livro Branco da Defesa (2012), reforçando a importância do tema no Brasil. Com as antigas ameaças ainda presentes e com a emergência de novas, é preciso manter o diálogo Brasil-Reino Unido, iniciado em janeiro de 2012, aberto e constante para que possamos aprofundar a cooperação entre ambos os países, mas não só em matéria de defesa.

About Thais Nogueira

Thais joined the Embassy as Political Assistant in May 2013 to work on Foreign Policy issues. Before joining the UK Embassy, she worked for CEBRI, a Brazilian think tank, and…

Thais joined the Embassy as Political Assistant in May 2013 to work on Foreign Policy issues. Before joining the UK Embassy, she worked for CEBRI, a Brazilian think tank, and was Guest Researcher at SWP, a German think tank. She is interested in Global Governance, Brazilian Foreign Policy and Peace-keeping issues. She lived in Rio de Janeiro, Cairo, Bonn, Berlin and now enjoys Brasilia.