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Celebrando a diversidade

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Confete, serpentina, dança, fantasias, desfiles, marchinhas, carros alegóricos, bonecos gigantes e alegria… de modo singelo, assim pode ser resumido o Carnaval brasileiro. A festividade – que almejava agradecer aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção na Grécia antiga – desembarcou em terras tupiniquins sob influência europeia em torno de 1723, sendo recebida de braços abertos pelo povo. Com irreverência e criatividade, criou-se o costume de sair nas ruas e ir às festas com fantasias e máscaras – o que prevalece até hoje.

O fato é que o carnaval tornou-se um símbolo do Brasil ao redor do mundo. Ao desenvolver sua capacidade artística criativa e apresentar a arte de rua, o evento se tornou parte fundamental na construção da identidade brasileira. Como resultado histórico da miscigenação de diversos povos e culturas, o carnaval passou a representar em sua essência a folia popular, plural, diversa e inclusiva, aberta às inovações através dos detalhes das fantasias, das cores e das imagens intensas e brilhantes.Sem dúvidas, algo incrível no carnaval é a diversidade que há dentro de uma só comemoração. Temos vários tipos de carnavais ao redor do país, de norte a sul. A alegria dos foliões e a riqueza musical permeia durante seis dias de pura festa: do maracatu ao samba, do afoxé ao frevo, do axé às marchinhas de carnaval. Os bonecos gigantes e carros alegóricos eternizam a imagem de anônimos, de personalidades e de símbolos do folclore e da cultura popular.

Assim como o carnaval, o FCO também é naturalmente diverso. O apoio à diversidade se tornou parte fundamental para uma abordagem mais ampla da política externa e da prestação de serviços consulares. É por isso que nós utilizaremos a Semana do Carvalho para celebrar a diversidade na nossa Embaixada e Consulados.

A rede ‘UK Brazil’ tem um time diverso e nós acreditamos que a diversidade nos faz melhores ao nos permitir incorporar diferentes perspectivas em nosso trabalho. Nos últimos meses, trabalhamos nossa diversidade ao realizar uma série de debates em Brasília, Rio e São Paulo, com pessoas de diferentes áreas e origens. Semana passada, Adriana Machado, vice-presidente de assuntos governamentais e políticas públicas para a América Latina da GE, recentemente nomeada uma das mais importantes empresárias do Brasil, palestrou no nosso Consulado Geral em São Paulo sobre sua carreira e empoderamento feminino.

Além de ser uma questão moral aumentar a diversidade nos níveis seniores das organizações, é também um caso de negócios. Um recente relatório da empresa de consultoria internacional McKinsey defende a diversidade, mostrando que há uma correlação clara entre ela e o lucro da companhia. Em uma abordagem internacional, a McKinsey avaliou mais de 300 grandes companhias de um variado espectro de setores no Reino Unido, Brasil, Estados Unidos, Canadá, México e Chile, e encontrou uma clara relação entre o desempenho da organização e a diversidade étnica e de gênero em posições de liderança. Companhias com diversidade de gênero em nível de liderança se mostraram 15% mais propensas a ter lucros acima da média industrial nacional, enquanto companhias com significante diversidade étnica na liderança foram 35% mais propensas a ter lucros mais altos.

Outro estudo da McKinsey, de 2007, revela que companhias com mais mulheres em suas diretorias têm performances superiores às de seus concorrentes, com um retorno 42% maior de vendas, 66% superior em capital investido, e 53% em ações. Corroborando essa tese, uma pesquisa conduzida por uma sociedade de gestão de ativos britânica descobriu que as companhias Financial Times and Stock Exchange com mulheres ocupando mais de 20% dos cargos no conselho de administração obtiveram um rendimento nas ações significativamente mais alto.

Os escalões superiores de muitas organizações dos setores público e privado, brasileiras e britânicas, são compostos de gerentes seniores homens, com história, educação e referências culturais similares. É fácil ver como essa homogeneidade leva ao pensamento de grupo, o que por sua vez significa que propostas ruins serão aceitas com menos dificuldades. Por experiência própria, liderando uma equipe diversa no Secretariado das Nações Unidas, posso afirmar que a diversidade nos leva a considerar caminhos que de outra forma seriam descartados.

A McKinsey nota que o Reino Unido e Brasil ficam atrás dos Estados Unidos em termos de diversidade nos níveis seniores. Essa falta de diversidade pode estar colocando o nosso bem-estar em risco. Christine Lagarde, Diretora do FMI, mencionou há alguns anos que se o banco de investimentos Lehman Brothers (irmãos Lehman) fosse Lehmans Sisters (irmãs Lehman), a crise econômica teria sido bem diferente.

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