13th February 2015 Brazil

Celebrando a diversidade

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Confete, serpentina, dança, fantasias, desfiles, marchinhas, carros alegóricos, bonecos gigantes e alegria… de modo singelo, assim pode ser resumido o Carnaval brasileiro. A festividade – que almejava agradecer aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção na Grécia antiga – desembarcou em terras tupiniquins sob influência europeia em torno de 1723, sendo recebida de braços abertos pelo povo. Com irreverência e criatividade, criou-se o costume de sair nas ruas e ir às festas com fantasias e máscaras – o que prevalece até hoje.

O fato é que o carnaval tornou-se um símbolo do Brasil ao redor do mundo. Ao desenvolver sua capacidade artística criativa e apresentar a arte de rua, o evento se tornou parte fundamental na construção da identidade brasileira. Como resultado histórico da miscigenação de diversos povos e culturas, o carnaval passou a representar em sua essência a folia popular, plural, diversa e inclusiva, aberta às inovações através dos detalhes das fantasias, das cores e das imagens intensas e brilhantes.Sem dúvidas, algo incrível no carnaval é a diversidade que há dentro de uma só comemoração. Temos vários tipos de carnavais ao redor do país, de norte a sul. A alegria dos foliões e a riqueza musical permeia durante seis dias de pura festa: do maracatu ao samba, do afoxé ao frevo, do axé às marchinhas de carnaval. Os bonecos gigantes e carros alegóricos eternizam a imagem de anônimos, de personalidades e de símbolos do folclore e da cultura popular.

Assim como o carnaval, o FCO também é naturalmente diverso. O apoio à diversidade se tornou parte fundamental para uma abordagem mais ampla da política externa e da prestação de serviços consulares. É por isso que nós utilizaremos a Semana do Carvalho para celebrar a diversidade na nossa Embaixada e Consulados.

A rede ‘UK Brazil’ tem um time diverso e nós acreditamos que a diversidade nos faz melhores ao nos permitir incorporar diferentes perspectivas em nosso trabalho. Nos últimos meses, trabalhamos nossa diversidade ao realizar uma série de debates em Brasília, Rio e São Paulo, com pessoas de diferentes áreas e origens. Semana passada, Adriana Machado, vice-presidente de assuntos governamentais e políticas públicas para a América Latina da GE, recentemente nomeada uma das mais importantes empresárias do Brasil, palestrou no nosso Consulado Geral em São Paulo sobre sua carreira e empoderamento feminino.

Além de ser uma questão moral aumentar a diversidade nos níveis seniores das organizações, é também um caso de negócios. Um recente relatório da empresa de consultoria internacional McKinsey defende a diversidade, mostrando que há uma correlação clara entre ela e o lucro da companhia. Em uma abordagem internacional, a McKinsey avaliou mais de 300 grandes companhias de um variado espectro de setores no Reino Unido, Brasil, Estados Unidos, Canadá, México e Chile, e encontrou uma clara relação entre o desempenho da organização e a diversidade étnica e de gênero em posições de liderança. Companhias com diversidade de gênero em nível de liderança se mostraram 15% mais propensas a ter lucros acima da média industrial nacional, enquanto companhias com significante diversidade étnica na liderança foram 35% mais propensas a ter lucros mais altos.

Outro estudo da McKinsey, de 2007, revela que companhias com mais mulheres em suas diretorias têm performances superiores às de seus concorrentes, com um retorno 42% maior de vendas, 66% superior em capital investido, e 53% em ações. Corroborando essa tese, uma pesquisa conduzida por uma sociedade de gestão de ativos britânica descobriu que as companhias Financial Times and Stock Exchange com mulheres ocupando mais de 20% dos cargos no conselho de administração obtiveram um rendimento nas ações significativamente mais alto.

Os escalões superiores de muitas organizações dos setores público e privado, brasileiras e britânicas, são compostos de gerentes seniores homens, com história, educação e referências culturais similares. É fácil ver como essa homogeneidade leva ao pensamento de grupo, o que por sua vez significa que propostas ruins serão aceitas com menos dificuldades. Por experiência própria, liderando uma equipe diversa no Secretariado das Nações Unidas, posso afirmar que a diversidade nos leva a considerar caminhos que de outra forma seriam descartados.

A McKinsey nota que o Reino Unido e Brasil ficam atrás dos Estados Unidos em termos de diversidade nos níveis seniores. Essa falta de diversidade pode estar colocando o nosso bem-estar em risco. Christine Lagarde, Diretora do FMI, mencionou há alguns anos que se o banco de investimentos Lehman Brothers (irmãos Lehman) fosse Lehmans Sisters (irmãs Lehman), a crise econômica teria sido bem diferente.

About wasimmir

Wasim Mir joined the Foreign and Commonwealth Office in 1998 and has spent most of his career focussing on multilateral issues and institutional reform. He has worked with the United…

Wasim Mir joined the Foreign and Commonwealth Office in 1998 and has spent most of his career focussing on multilateral issues and institutional reform. He has worked with the United Nations and the European Union before coming to Brazil to assume the position of Deputy Head of Mission. Wasim studied economics at the London School of Economics and subsequently obtained a Master’s Degree in Law from the University of Manchester.

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