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Oportunidade para refletir

Red Ribbon
Hoje eu usei a fita vermelha para marcar o Dia Internacional de Luta contra a AIDS                     Créditos: Renato Pattini/Embaixada Britânica

Hoje é o Dia Internacional de Luta contra a Aids. É uma grande oportunidade para refletir sobre o que foi alcançado na luta contra o HIV/AIDS nos últimos 20 anos. O devastador surto de ebola na África ocidental é um lembrete do que aconteceu quando a AIDS apareceu. Estigma, falta de informação e discriminação eram generalizados. As pessoas estavam assustadas e com medo de procurar ajuda. Não havia remédios, e os que eram infectados tinham poucas esperanças.

Graças à solidariedade global e ao ativismo social, a comunidade internacional tem sido capaz de transformar a situação. Eu tive a sorte de ter um pequeno papel nessa história de sucesso. Um dos pontos altos da minha carreira até hoje foi trabalhar com o presidente a Assembleia Geral da ONU em 2010-2011 como conselheiro sênior para assuntos de saúde. Isso significa que eu era responsável por organizar e obter resultados na reunião de alto-nível da ONU sobre HIV/AIDS.

A reunião de alto-nível congregou presidentes, primeiros-ministros, agentes de saúde, cientistas, sociedade civil e indivíduos que sofrem de HIV/AIDS. Organizar uma reunião desta escala foi um desafio, mas o desafio ainda maior foi firmar um acordo cuja intenção era impulsionar o esforço global.Trabalhando em conjunto com uma equipe da Austrália, Botsuana e UNAIDS, depois de muitas noites acordados e negociações tensas, nós conseguimos persuadir os 193 membros das Nações Unidas a assinar uma declaração política. Essa declaração continha um conjunto de metas ambiciosas para interromper e reverter a disseminação do HIV/AIDS até o fim de 2015. Elas incluíam a eliminação total da transmissão do HIV/AIDS de mãe para filho.

Com apenas um ano até o prazo que foi estabelecido em 2011, a comunidade internacional obteve um progresso real. A cada ano, o HIV infecta menos de um milhão de pessoas do que há dez anos. Menos crianças estão morrendo e nunca tanta pessoas tiveram acesso a medicamentos anti-retrovirais. O mundo está a caminho de proporcionar tratamento anti-retroviral para 15 milhões de pessoas até o fim do ano que vem, e a eliminação da transmissão do HIV de mãe para filho em apenas alguns anos. Ambos o Brasil e o Reino Unido tiveram um importante papel nesse acontecimento – e temos discutido com o Ministério da Saúde (FIOCRUZ) como podemos colaborar ainda mais em assuntos de saúde global.

Mas o progresso ainda é desigual. Duas em cada três crianças que precisam de tratamento não o recebem. As taxas de mortalidade entre adolescentes estão aumentando. E estamos aquém de atingir as metas estabelecidas em 2011, como reduzir a transmissão sexual em 50 por cento e reduzir à metade a transmissão do HIV entre usuários de droga. Menos de metade dos 28,6 milhões de pessoas aptos a receber o tratamento para o HIV o estão recebendo.

Para atingir o objetivo de acabar com a AIDS nós precisamos assegurar que haja ajuda para todos aqueles que foram infectados, em particular os mais vulneráveis e cujos direitos são negados. Esses incluem os jovens, que são mal servidos pelos sistemas de saúde; mulheres e garotas vítimas de abuso; usuários de drogas, profissionais do sexo, e comunidades LGBT.

O Dia Internacional de Luta contra a AIDS de 2014 é um dia para lembrar o trabalho que já foi feito, mas também para redobrar nossos esforços e assegurar que interromperemos a epidemia de vez.

Enquanto lutamos para combater o Ebola, a luta contra o HIV/AIDS também serve como um exemplo do que pode ser feito se houver a vontade de romper o impasse político, integrar os serviços de saúde e mobilizar os setores público, privado e a sociedade civil para ajudar a prover inovação e mudança.

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