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Mudanças climáticas: sem espaço para ceticismo

Parte do meu trabalho é dedicado às negociações internacionais sobre mudanças climáticas; e a ciência usada para alimentar essas discussões políticas é igualmente importante. Por esse motivo, durante os últimos quinze dias, passei bastante tempo lendo as descobertas do primeiro volume do Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 27 de setembro e de grande importância para o Reino Unido. O Relatório mostra que grande parte das evidências científicas disponíveis confirma não só que as mudanças climáticas já estão acontecendo, mas também que o fenômeno muito provavelmente é causado por atividades antropogênicas.

Líderes do mundo todo reconhecem o trabalho do IPCC, e o Ministro das Relações Exteriores do Reino Unido afirmou:

“O relatório do IPCC deixa claro que, a menos que ações sejam tomadas agora para reduzir as emissões de carbono, tudo isso continuará a piorar nas próximas décadas. Os governos, empresas e indivíduos têm a responsabilidade de combater as mudanças climáticas.”

As evidências são categóricas, mas o que o mundo político está fazendo para abordá-las?

Seria possível dizer que as ações políticas necessárias para corresponder à urgência científica das mudanças climáticas ainda estão atrasadas – às vezes, até aqueles que trabalham com políticas para mudanças climáticas questionam seu progresso (!). Por anos os países tem se reunido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – (CQNUMC) para negociar soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Contudo, entramos em uma nova fase de políticas climáticas, na qual o ceticismo em torno da ciência está se tornando cada vez mais raro. Estrategistas políticos geralmente concordam, embora em diferentes níveis, sobre a existência e os impactos das mudanças climáticas e a necessidade de tomar uma atitude.

Nas negociações internacionais, o Segundo Período de Compromisso do Protocolo de Kyoto terminará em 2020 e espera-se que os países assinem um Acordo Global em 2015 para entrar em vigor a partir de 2020. Durante a 16º Conferência das Partes (COP) em Cancun em 2010, os membros concordaram em se comprometer com um aumento máximo de temperatura de 2°C acima dos níveis pré-industriais. Portanto, é extremamente importante que trabalhemos com o intuito de garantir o melhor acordo possível nos próximos dois anos, e essa é a nossa principal prioridade. Um acordo ambicioso seria um instrumento com compromissos vinculantes para todos os membros, considerando não somente as emissões, mas também as capacidades individuais de cada país para tomar as ações necessárias.

E o que o Reino Unido está fazendo a respeito das mudanças climáticas?

Em 2008, o Reino Unido estabeleceu uma meta legal de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em pelo menos 80% (tendo 1990 como base de referência) até 2050. Isso está sendo possível graças à implementação de uma legislação integrada sobre clima e energia e instrumentos de mercado correspondentes. Internacionalmente, o Reino Unido tem ajudado países em desenvolvimento a mitigarem e adaptarem-se às mudanças climáticas, principalmente por meio do nosso Fundo Internacional para o Clima (ICF), que já alocou 2,9 bilhões de libras. Por meio da nossa Rede Diplomática no Brasil, também estamos trabalhando em parceria com o país em mudanças climáticas, através do ICF e de outros mecanismos de cooperação.

No momento, nossa equipe em Londres terá sua atenção voltada para a COP deste ano, que será realizada em Varsóvia, na Polônia. A conferência será importante para acordar os elementos e o cronograma na preparação até 2015, e para garantir que tenhamos um acordo sólido e confiável. Serei parte da delegação britânica em Varsóvia e espero mantê-los atualizados sobre os avanços realizados na Conferência.

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