O que leva um jovem a se dedicar ao estudo das Relações Internacionais (RI)? Entram na lista preferências pessoais, mercado de trabalho, interesse pelo tema, entre outros. No Brasil, seja qual for o principal motivo uma coisa é certa, ele está funcionando.
Em épocas de globalização e interdependência complexa, falar em relações internacionais soa bastante natural, mas nem sempre foi assim. O estudo e ensino da matéria, enquanto disciplina acadêmica, surgiu no Reino Unido, após o fim da Grande Guerra com a criação da Cátedra Woodrow Wilson de Política Internacional na Universidade de Aberystwyth, País de Gales.
Demorou até que a disciplina desembarcasse no Brasil. Em 1945, foi criado o Instituto Rio Branco, a academia diplomática vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. No entanto, o primeiro curso em nível de graduação no Brasil só foi estabelecido em 1974, na Universidade de Brasília. A nova disciplina avançou lentamente nas duas décadas seguintes. Até 1995, existiam apenas três cursos de graduação na área, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília. A partir daí, houve vertiginosa expansão. Ao final de 2011 já havia mais de 100 cursos pelo Brasil.
Com todo esse crescimento, surge a questão sobre a inserção desse profissional no mercado de trabalho. O Brasil teria capacidade doméstica para absorver tamanha mão de obra? Céticos dirão que, desconsiderando a fração mínima de formados que ingressam na carreira diplomática e aqueles que fazem carreira em organizações internacionais ou se dedicam à Academia, os profissionais de RI estão fadados ao limbo. Ao contrário, eu afirmo que sim, existe luz no fim do túnel!
Após mais de três décadas de turmas formadas e um contexto de inserção internacional favorável ao Brasil, o mercado já possui uma ideia mais clara sobre o profissional da área e reconhece sua importância. E o que nós, bacharéis em relações internacionais, temos a oferecer? Nosso principal diferencial é um conhecimento diversificado sobre política, economia, história e direito. Em estudo exploratório publicado no Boletim Meridiano, 87% dos alunos considerados afirmaram que a graduação em RI foi importante, muito importante ou fundamental na atividade profissional. Conhecer um pouco de várias áreas é um ponto a nosso favor.
Mas quais são as implicações dessa invasão reliana no mercado? Para começar, significa mais gente interessada nos movimentos internacionais e mais gente qualificada para analisá-los e dar suporte a atuação internacional de organizações de diferentes tipos. Com o advento da paradiplomacia, por exemplo, cidades e estados investem na arena global e abrem novas oportunidades para o profissional da área. Há ainda a promissora opção oferecida por representações diplomáticas, como a nossa.
Como vocês puderam ver, oportunidades existem. Além disso, o objeto de estudo é o mais interessante possível, sim sou suspeita para falar, mas isso não torna a afirmação menos verdadeira. Sentiu-se tentado? Pois ignore a lenda urbana de que você ficará a míngua sem emprego caso escolha cursar relações internacionais e embarque nessa onda você também!