Tive a oportunidade de participar em diversos projetos de cooperação internacional entre o Brasil e o Reino Unido na agenda climática enquanto Gerente de Projetos na Embaixada do Reino Unido em Brasília entre 2012 e 2013. Através desses projetos, que exibiam variadas escalas, o Reino Unido contribuiu com esforços brasileiros de mitigação tais como gestão de resíduos e agricultura sustentável. A cooperação viabilizou focar ações nos pontos de maior potencial para gerar resultados efetivos em termos de mitigação, como por exemplo, capacitação, levantamento de informações técnicas específicas e compartilhamento de experiências. Isso gerou um aprendizado e, sobretudo, um entendimento maior dos benefícios mútuos que podem ser obtidos através desse tipo de cooperação. Talvez a principal lição dessa experiência é que muito pode ser feito quando os países decidem agir conjuntamente, cada qual segundo suas responsabilidades e possibilidades, para atingir objetivos de interesse comum. A cooperação internacional apresenta lições valiosas e uma agenda promissora no combate à mudança do clima.
Atualmente, estou tendo a chance de realizar o doutorado na University of East Anglia, no Reino Unido, que abriga o Tyndall Centre for Climate Change Research, no qual é produzida muita pesquisa de excelência acadêmica global em mudança do clima. Tem sido uma grande oportunidade de aprender sobre diversos aspectos desse tema, já que mudança do clima é um tema essencialmente interdisciplinar, como, por exemplo, ter noções sobre modelagem climática em si e analisar os impactos e oportunidades econômicos da economia de baixo carbono. Esse aprendizado acumulado será trazido de volta ao Brasil quando eu retornar ao país após a conclusão do doutorado. Em poucos anos, muitos estudantes brasileiros trarão conhecimentos relevantes para o Brasil na área de clima do Reino Unido e de outros países; a maioria incentivada pelo programa Ciência Sem Fronteiras, que tem soluções ambientais como um de seus principais focos. A educação e a pesquisa são certamente outra grande oportunidade para o Brasil, assim como para outros países em desenvolvimento, gerarem conhecimento e capacidades necessárias para enfrentar a agenda de clima em suas múltiplas dimensões e complexidades.
Sabe-se que os desafios para se manter o aquecimento em 2oC são substanciais e a participação de todos será necessária. Fortalecer a ação conjunta internacional no combate à mudança do clima é instrumental para se aproveitar as oportunidades e minimizar os custos da transição para uma economia de baixa emissão de gases do efeito estufa que deverá ocorrer ao longo dos próximos anos e décadas. Manter e reforçar ações como projetos de cooperação, educação e pesquisa, mas também o compartilhamento de casos exitosos, o apoio técnico e financeiro e a transferência de tecnologia são contribuições fundamentais para as mudanças tão urgentes e necessárias rumo a uma economia global sustentável.