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Matt Field

British Diplomat

Part of Speakers' Corner

17th February 2014

Um ano para ser lembrado

FS William Hague in his previous visit to Brazil
O Ministro das Relações Internacionais do Reino Unido, William Hague, durante sua primeira visita ao Brasil, em 2011

As primeiras semanas do ano podem ser tranquilas para a maioria de nós, esperando até que a correria comece.  Esse é, sem dúvida, o tema de um “Calendário Brasileiro 2014” que eu vejo circulando nas mídias sociais, segundo o qual nós só teríamos alguns poucos meses de trabalho no ano inteiro tirando o Carnaval, a Copa do Mundo e as eleições.

Mas esse não é o caso este ano, principalmente porque estivemos nos preparando para a visita desta semana do nosso Ministro das Relações Exteriores, William Hague. Uma visita ministerial sempre significa muito trabalho, com reuniões para organizar, agendas para definir e briefings para preparar. Então, chega a hora de pensar nos aspectos práticos, como quanto tempo deve ser reservado para descolamentos no trânsito de São Paulo e o que fazer se tivermos o tipo de chuva que faz Brasília parar em poucos minutos. Felizmente, a Embaixada conta com parceiros excelentes com experiência em eventos desse tipo, então não dependemos de mim nesse quesito. Como o General Norman Scwarzkopf supostamente falou, “amadores focam em estratégia enquanto profissionais focam em logística”.

 O início do ano é também um ótimo momento para tirar um tempo para refletir sobre o que está por vir. Eu sempre me certifico de ver as estimativas (n’ao sei se estimatias eh a melhor palavra) do ano da The Economist, ‘The World in 2014’. O blog Post Western World tem muitos artigos interessantes sobre o tema, incluindo um com 10 previsões para 2014.  Esse tipo de adivinhação, à la bola de cristal, é sempre divertida e ao mesmo tempo refém do destino. O que nós sabemos ao certo é que o Brasil irá às urnas neste ano, assim como a África do Sul (abril), Índia (maio) e Indonésia (julho). E que o Brasil também vai sediar dois grandes eventos (não esportivos) em 2014: a Conferência de Governança da Internet, em abril, e a Cúpula dos BRICS, em julho. E para todos nós leigos, o The New Yorker produziu este guia para as 12 principais questões sobre o que está acontecendo em 2014.

Algumas outras questões importantes também se destacam. A Síria continuará demandando uma grande quantidade de tempo e recursos de vários Ministérios deas Relações Exteriores pelo mundo, com os atuais esforços de Genebra II e a oportunidade de dar um fim àquela crise humanitária. O acordo firmado entre o Irã e a comunidade internacional também demandará atenção constante. Além disso, a retomada da economia norte-americana aumentará a confiança daquele país no cenário global. O ex-Embaixador Tom Shannon recentemente comentou a respeito das perspectivas da relação Brasil-Estados Unidos em entrevista ao Wilson Center.

Por fim, política externa e estatística geralmente não se misturam– ou talvez as pessoas lidando com elas não se misturem – mas uma feliz exceção a essa regra é o blog “Dart Throwing Chimp. Este ano, o autor tentou novamente prever onde poderiam acontecer golpes de Estado, cuja raridade os torna quase impossíveis de antecipar. Porém, ao usar uma grande variedade de fatorese algumas habilidades estatísticas típicas do sistema de Nate Silver ele já alcançou uma alta porcentagem de acertos no passado. Como um graduado em Artes que virou cientista social, eu sempre me impressiono com esses cálculos matemáticos e os considero uma contribuição valiosa para os instrumentos de política externa. Vale a pena acompanhar o blog.

E mais sobre a visita no meu próximo post.