Em dezembro de 2013, tive a sorte de ser convidada pelo Consulado Britânico no Rio e pela Embaixada Britânica em Brasília para visitar essas duas cidades. Por ser, não só uma escritora especializada em acessibilidade em viagens, mas também usuária de cadeira de rodas, fiquei muito interessada em explorar a acessibilidade no Rio de Janeiro, cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Os preparativos para os Jogos em si também chamaram minha atenção, principalmente porque meu envolvimento com grandes eventos esportivos originou-se do trabalho voluntário que realizei em 2012, nos Jogos de Londres, onde vivo agora.
Enquanto estive no Rio e em Brasília, participei de muitas reuniões informativas e me senti muito bem-vinda à incrível cultura brasileira. Na sede do Comitê Organizador da Rio 2016, fiz uma apresentação para diversos oficiais e autoridades do governo, descrevendo minha fantástica experiência como voluntária nos Jogos de 2012 e falando sobre meu atual objetivo de tornar o Rio o mais acessível possível para pessoas com deficiência física antes da empolgação de 2016. Falei sobre como o legado de Londres 2012 me afetou pessoalmente – a mídia, em particular, está muito mais aberta às pessoas com deficiência no Reino Unido, graças ao grande sucesso das Paralimpíadas e de nossos atletas paralímpicos britânicos. Além disso, parece que os Jogos em Londres injetaram mais confiança e ambição na comunidade de pessoas com deficiência – uma percepção de que a limitação pode ser superada para tornar qualquer coisa possível.
As conversas rapidamente mudaram para qual legado a Rio 2016 deixaria. Não posso prever o futuro, mas certamente o legado duradouro das minhas aventuras no Rio e em Brasília será a gostosa sensação que senti ao ser recebida, encorajada e admirada pelos brasileiros que lá conheci. Eu sei que, com tamanha cordialidade e positividade, qualquer visitante ou turista que decida ir aos Jogos de 2016 e que venha a entrar em contato com um voluntário brasileiro terá a melhor recepção que qualquer um poderia desejar.
Em termos de acessibilidade, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Os hotéis e o transporte público devem ser adaptados, os meios-fios devem ser rebaixados e as praias precisam de passarelas. Porém, parte da batalha já foi vencida uma vez que não só já existe a disposição para mudar, como também as mentes já estão se abrindo para as diferentes possibilidades de acesso. Se realizados corretamente, os Jogos de 2016 no Rio podem criar um legado de acessibilidade para a comunidade de deficientes local, nacional e internacional. E isso sim duraria por muitos anos.
Emily Yates é uma escritora especializada em acessibilidade em viagens, é defensora dos direitos dos deficientes e é também graduada em Literatura Inglesa. Ela está escrevendo um Guia de Acessibilidade para os Jogos do Rio em 2016. Para acompanhar suas aventuras ou patrocinar o Guia, por favor, visite: www.emilyroseyates.co.uk