This blog post was published under the 2010 to 2015 Conservative and Liberal Democrat coalition government

24th November 2014 Brazil

A vida numa cidade sem esquinas

unnamed

Em maio deste ano aterrissei em Brasília, cidade construída propositadamente para ser a capital do Brasil, composta por múltiplas pistas, redes rodoviárias confusas e curvas, arquitetada a base de concreto. Depois de cinco semanas fazendo um treinamento de língua portuguesa em Campinas, Brasília marcou o início da minha primeira remoção e também da minha primeira vez na América do Sul.

6 meses se passaram, e parece-me um ótimo momento para refletir sobre a minha vida e trabalho em Brasília.

Primeiro de tudo, devo ressaltar que gosto de Brasília. Já me acostumei com os brasileiros me dizendo o quanto sentem muito por eu não estar morando no Rio, e me alertando sobre as estradas intermináveis, o sol escaldante e as ruas sem alma. A cidade pode não ser a imagem de cartão-postal do Pão de Açúcar que a maioria dos britânicos imagina quando se pensa no Brasil, mas depois de Londres, a arquitetura futurista, o céu azul e as opções alternativas de entretenimento fazem dela uma mudança bem-vinda. É uma cidade nova, ainda se definindo, e também um caldeirão de mistura: primeira, segunda e terceira gerações de brasilienses, os funcionários do governo de todo o país, bem como uma série de diplomatas, fazem de Brasília uma combinação interessante.

O Brasil também parece estar mais longe do que eu esperava. Não só devido ao voo de 14h para o Reino Unido, mas também por causa da localização, o tamanho e os problemas que preocupam as pessoas. No Reino Unido, a maioria das capitais europeias está acessível em um voo de duas horas, além disso, podemos chegar a África Ocidental e Oriente Médio em menos de 6 horas. As notícias que circulam no Reino Unido são frequentemente dominadas por eventos e ameaças vindas de países próximos e o impacto que eles têm no Reino Unido – incluindo a migração e o extremismo. Em Brasília, a maioria das outras cidades brasileiras estão acessíveis em um vôo de duas horas. As notícias aqui abordam assuntos sobre lugares longínquos, mas em sua maioria não tem imediata implicação doméstica e nem medo associado.

Enfim, entender o Itamaraty, o que seria equivalente ao Foreign and Commonwelath Office (em português: Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido), me ajudou a aprender sobre o serviço diplomático britânico. Detalhes corporativos, tais como recrutamento, remoções e treinamento, definem a maneira na qual um Ministério das Relações Exteriores funciona, estabelece suas políticas e também se projeta no exterior. No Reino Unido, nós passamos por vários testes de competência para entrar no serviço diplomático – os examinadores analisam os comportamentos e as habilidades inatas para identificar futuros diplomatas. Em seguida, iniciamos o trabalho após uma imersão de duas semanas e dois anos depois mudamos para o exterior. Aqui, os futuros diplomatas fazem um teste extenso e detalhado, que exige significativa preparação, e depois passam por um treinamento intenso antes de começarem a trabalhar efetivamente. Nenhum caminho está certo ou errado, mas eles produzem diplomatas com perfis diferentes como resultado.

Eu ainda estou aprendendo, o Brasil não é um país fácil de entender. Até agora o meu trabalho foi centralizado em Brasília, focado em política externa brasileira. Ao longo dos próximos anos, espero aprender mais sobre a cultura, a história e a geografia do Brasil, viajando pelo maior número de estados possível, conhecendo brasileiros de diferentes esferas da vida e aprendendo a fazer uma caipirinha perfeita.

About Kate Thornley

Kate Thornley joined the Foreign and Commonwealth Office in 2011. She is currently on her first overseas posting to Brasilia. She has previously worked on African issues and in the…

Kate Thornley joined the Foreign and Commonwealth Office in 2011. She is currently on her first overseas posting to Brasilia. She has previously worked on African issues and in the Private Office of the Permanent Under-Secretary. Kate studied Languages and Cultures at Durham University and has previously worked as a translator and a teacher.