Nos últimos nove meses, a Europa foi atingida pela crise na Ucrânia. Durante anos, a Europa e a Federação Russa têm desfrutado do contínuo aumento da cooperação econômica e política. Contudo, em março de 2014, a Rússia ilegalmente anexou a Crimeia ao seu território, violando a soberania da Ucrânia e aumentando a tensão na região. Tal episódio representa uma perda de 4,5% do território ucraniano – o que seria equivalente ao Brasil perder os estados do Goiás e Espírito Santo.
Esse não é um retorno às divisões ideológicas da Guerra Fria. No entanto, o fluxo evidente das tropas, tanques e armas russas para o leste da Ucrânia demonstra mais uma violação do direito internacional e alimenta conflitos e instabilidade. O Ministro da Defesa ucraniano estima que 3.500 soldados russos permanecem no leste da Ucrânia. A situação mostra-se insustentável e, infelizmente, a comunidade internacional ainda não chegou a um consenso em como solucioná-la, mas a Rússia está ficando cada vez mais isolada. Em março deste ano, a Rússia vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU – que reconhecia a integridade territorial da Ucrânia – dias antes de lançar um referendo ilegal na Criméia. Em seguida, na Assembléia Geral da ONU, 100 Estados membros votaram a favor de uma resolução não vinculante, reafirmando a integridade territorial ucraniana e confirmando a ilegitimidade do referendo na Criméia.
A União Europeia tem trabalhado em conjunto para encontrar uma solução que garanta a estabilidade e prosperidade da Ucrânia. A adoção de sanções específicas seria um meio eficaz e imediato para impedir novas incursões da Rússia na Ucrânia oriental – o que pode levar a uma melhora, piora ou a uma inversão em resposta à mudança das circunstâncias. Uma nova rodada sobre o assunto foi realizada recentemente; nosso Ministro para Assuntos Europeus nos explica o porquê neste artigo. Sanções não são a única resposta à crise: a negociação e o cessar-fogo são passos importantes, porém são apenas preliminares. O sinal mais claro de um compromisso com a paz e o respeito pela soberania ucraniana seria a retirada das tropas russas e o término do armamento de separatistas e do fornecimento de armas para o leste ucraniano.