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Semana BRICS Parte 01 – Guest blog por Floriano Filho

Nesta semana, estamos buscando nossa rede de alunos Chevening nos países do BRICS, para entender um pouco mais sobre o que eles acreditam ser o futuro do grupo. Esperamos poder compartilhar opiniões de alguns de nossos alunos nesses países ao longo da semana. O primeiro post será do Brasil, onde a cúpula está acontecendo. Floriano Filho, bolsista do Chevening em 2001, compartilha seu ponto de vista* e ideias sobre o BRICS.

“Meu espaço neste blog não é suficiente para refletir sobre todas as implicações de criar e promover a integração das cinco maiores economias emergentes do mundo. Então, expressarei algumas ideias gerais e básicas sobre o BRICS.

Não é segredo para ninguém que uma série de países, em particular os Estados Unidos e seus aliados mais próximos, têm demonstrado algum desconforto com a reunião do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A inquietação já não é mais suficiente para lutar contra o comunismo.

Um das principais questões em jogo agora, parece ser como preservar a ordem internacional global (ou pelo menos conter sua falência), e seu sistema financeiro internacional subjacente.

Há críticas e até mesmo descrença sobre o anúncio de um banco de desenvolvimento do BRICS até 2016, criando uma alternativa ao FMI. O Ministro da Fazenda da Rússia, Anton Siluanov, falou do “Novo Banco de Desenvolvimento”, com sua sede em Shangai ou Nova Deli, o qual focaria nos projetos de infraestrutura do BRICS, mas também estaria aberto a novos membros das Nações Unidas.

Para alguns, isto seria uma réplica do trabalho já desenvolvido pelo Banco Mundial ou FMI, inclusive nos casos de fuga de capital ou desvalorização da moeda. Talvez os críticos tenham razão, mas a nova garotada do pedaço afirma haver um déficit democrático nas instituições de Bretton Woods e no sistema ONU. Em outras palavras, eles se sentem sub-representados no processo de tomada de decisões de um sistema tradicionalmente dominado pelos Estados Unidos e União Europeia.

Os críticos vão além e reclamam que essas mudanças no tabuleiro geopolítico global podem não funcionar, considerando as supostas assimetrias econômicas e políticas dentro do BRICS, especialmente considerando os padrões de governança da Rússia e China em comparação aos valores tradicionalmente democráticos proclamados pelas nações ocidentais. Pelas perspectivas do Brasil e Índia, isso parece ser um ponto justo. Mas, se estamos falando de investimento e comércio, as reclamações não parecem ser consistentes com o volume de capital e fluxo comercial entre os EUA, UE e os países do BRICS com o comércio mais dinâmico, a China.

Há outras preocupações relacionadas à ordem global, como energia e conflitos regionais. Um dos maiores confrontos acontecendo no mundo hoje, envolve Rússia e Ucrânia, causando grande preocupação na Europa. Mas como Janning corretamente coloca, ‘a marginalização da Europa não é a trajetória inevitável do papel global da Europa, tendo em vista o surgimento do BRICS. Uma parte significativa do futuro econômico da Europa está ligada ao desenvolvimento desses países e às formas e meios pelos quais eles definirão e garantirão seu papel nas questões mundiais. Instabilidade, insegurança, e conflito nos países do BRICS e ao redor deles irão impactar profundamente a Europa com poucas opções para líderes europeus definirem os acontecimentos, além de se envolverem antes e usar as vantagens que a Europa detém – interdependência econômica e habilidades comerciais, tecnológicas e de governança.’

Como o fortalecimento do BRICS está apenas tomando forma, parece ser muito cedo para se chegar a qualquer conclusão. Neste momento, entretanto, ignorar o pragmatismo parece estar fora de questão para esses países.”

Floriano Filho foi bolsista do Chevening em 2001, quando fez um Mestrado em Políticas de Comunicação na Universidade de Westminster. Ele também é bolsista da Reuters Foundation na Universidade de Oxford (comércio global de conteúdo digital) e atualmente faz um Doutorado na Universidade de Brasília em cooperação internacional: Brasil-Japão no Corredor de Nacala de Moçambique.

*A opinião é pessoal e não representa necessariamente o ponto de vista deste blog. 

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