10th October 2014 Brazil

Dia Mundial Contra a Pena de Morte*

Hoje, 10 de outubro, celebramos o Dia Mundial Contra a Pena de Morte. Data na qual a comunidade internacional e demais companheiros ao redor do mundo se unem para reafirmar que a pena de morte já não pertence ao século XXI. Ainda, o dia em que nos posicionamos contra esta prática que, ao contrário da crença popular, não possui nenhuma evidência concreta que apóie a ideia de que o uso de execuções como punição detem ou previne o crime.

Há uma tendência mundial contra o uso da pena capital. Mais de 150 países membros das Nações Unidas aboliram a pena de morte até agora – legalmente ou na prática. No entanto, de acordo com a Anistia Internacional, 778 execuções ocorreram em 2013, distribuídas em 22 países que aplicaram a execução como penalidade. Felizmente, essa realidade preocupante vem mudando lentamente: em 2005, 25 penas de morte ocorreram, e em 1994, 37. É importante ressaltar, no entanto, que esses números não levam em conta as mortes que aconteceram em algumas partes do mundo, já que muitas vezes não são comunicados à Anistia Internacional.

Assim, é preciso reconhecer que os países que já aboliram a pena capital o fizeram por caminhos distintos. Tomemos em consideração o Brasil e o Reino Unido, por exemplo:

No Reino Unido, houve um momento na história no qual 220 ​​crimes poderiam ser punidos com a morte e, embora o último homem condenado à morte por enforcamento no país tenha morrido em 1964 – 50 anos atrás – a definitiva abolição pela via jurídica aconteceu apenas em 2003, quando o Reino Unido aderiu ao Protocolo 13 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que proíbe a pena de morte em todas as circunstâncias.

Por sua vez, o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira de 1988 proíbe a pena de morte no Brasil. A pena só é permitida em casos específicos que acontecem sob guerra declarada, no caso de agressão estrangeira, autorizada pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, ou quando este decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional. No entanto, o último registro da aplicação de pena de morte como punição por crimes civis no Brasil aconteceu em 1876. Curiosamente, em 2014, 46% da população brasileira se mostrou favorável a pena de morte para casos de crimes graves. Essa posição é controversa dada as limitações do sistema de justiça brasileiro – mais de 200 mil pessoas (42.97% do total ) são presos provisórios e apenas aguardam julgamento.

Tal fato corrobora com a idéia de que, embora provenientes de diferentes experiências com a pena de morte, muitos países do mundo avançaram nesta questão de direitos humanos. Contudo, é difícil acreditar que ainda há um grande número de países que permitem a aplicação da pena de morte como uma punição, e esperamos que em breve muitos outros irão abolir esta prática. Devido a isso, durante a 69ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, a comunidade internacional deve votar uma resolução bienal clamando por uma moratória a nível mundial na aplicação da pena de morte.

A fim de mostrar o apoio para essa tendência contra a pena de morte, este ano 12 países**, incluindo o Reino Unido, assinaram uma declaração conjunta clamando por um mundo que “respeite a dignidade humana”. O documento serve como um “convite aberto a todos os governos, mas também para o público em geral, a se envolverem em investigações sérias e discussões francas sobre a pena de morte”. Além disso, como parte das celebrações, as embaixadas do Reino Unido, Suíça, França e Noruega em Brasília irão exibir dois filmes esta noite (‘Ascenceur por L`échafaud’ e ‘Dead man walking’) para nos auxiliar a pensar e refletir sobre pena de morte. Desta forma, se puder, junte-se a nós!

* Este post foi escrito com o apoio de Fernanda Medeiros.

** Lista de países que assinaram a declaração conjunta contra a pena de morte: Argentina, Austrália, Benin, Burkina Faso, Haiti, México, Mongólia, Noruega, Filipinas, Suíça, Turquia, Reino Unido.

About beatrizsannuti

Beatriz Sannuti (or just Bia as she prefers being called) has an International Relations background and has recently joined the Embassy to work with Human Rights and Justice, having just…

Beatriz Sannuti (or just Bia as she prefers being called) has an International Relations background and has recently joined the Embassy to work with Human Rights and Justice, having just finished her Masters Degree in International Relations and Diplomacy in the Netherlands. Her previous jobs include a NGO, a think tank and the private sector and when she is not busy monitoring human rights issues in Brazil she likes to follow her favorite TV shows or watch a movie.

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