Ontem, o povo das Ilhas Falkland elegeu uma nova Assembleia Legislativa. E daí? Quem se importa com isso? Bem, como admirador dos habitantes das Ilhas e de seu estilo de vida, eu me importo. E muito mais que isso, as pessoas que vivem nas Ilhas se importam também.
Os habitantes das Ilhas Falkland são pessoas resilientes e engenhosas. Isso é fruto da necessidade: são menos de 3.000 em um pequeno país isolado no meio do Atlântico Sul. O território das Ilhas caberia 700 vezes dentro do Brasil.
Não há grandes rodovias nas ilhas, nem ferrovias, universidades ou shopping centers. Há somente uma escola secundária, um hospital e uma delegacia. Apenas um voo semanal os conecta ao território continental da América do Sul. E não é raro nevar no meio do verão!
Talvez minha descrição soe pouco atraente para vocês, leitores; mas pensem no outro lado: também não há engarrafamentos, nem poluição, e ninguém precisa trancar as portas de casa durante a noite. Mas esse ambiente austero revela uma natureza intocada e luxuriante – um verdadeiro paraíso para qualquer fotógrafo. E a população forma uma comunidade unida e pacífica, onde todos se conhecem.
Em suma, lugares como as Ilhas Falkland são cada vez mais raros no mundo urbanizado, globalizado e apressado em que vivemos. Uma parte de mim espera que elas permaneçam assim para sempre: a parte que é obrigada a lidar com seguradoras, com emails, com meu trajeto diário de casa para o trabalho – e com as intermináveis festas que meus vizinhos dão todo fim de semana, de quinta a domingo!
A Assembleia Legislativa das Ilhas Falkland também é pequena: conta somente com oito Membros. Eles dividem o Plenário com o Tribunal local. Por serem tão poucos, eles são, ao mesmo tempo, políticos e membros da comunidade, e suas atribuições incluem todas as áreas possíveis e imagináveis: desenvolvimento econômico, saúde, educação, transporte etc.
As Ilhas Falkland estão se preparando para grandes mudanças, e importantes decisões precisarão ser tomadas pelos próprios habitantes sobre como desenvolver sua economia. Os Membros da Assembleia anterior iniciaram um extenso programa de estreitamento de relações com outros países da América do Sul – inclusive o Brasil – cujo objetivo é contar a história das Ilhas do ponto de vista de seus habitantes, além de estreitar seus laços comerciais e pessoais com os países vizinhos. Tal estratégia já surtiu efeito: quase todas as pessoas com quem eu conversei sobre isso no Brasil sabiam que houve um referendo nas Ilhas este ano, por exemplo. Espero que tal programa siga adiante.
E você, o que pensa disso?