21st July 2014 Brasilia, Brazil

Uma menina, todas as meninas

Girl Summit - 22 July, London

Para nós que estamos envolvidos com os Direitos Humanos – seja porque é nosso trabalho, ou apenas uma causa que apoiamos – sempre há uma questão difícil de responder: até que ponto devemos ir antes de impor nossos valores a culturas e tradições diferentes? Quanto devemos respeitar essas ditas tradições quando sabemos claramente que elas estão prejudicando pessoas e tomando-lhes a dignidade?

Eu me peguei tendo que responder essas perguntas várias vezes, mais recentemente sobre mutilação genital feminina (FGM) e casamento infantil e forçado (CEFM). Como declarou Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, não há motivos religiosos nem de saúde para se continuar a FGM, e não há benefícios reais para suas vítimas. Alguns argumentam que se trata de uma prática com o objetivo de controlar as mulheres – especialmente sua liberdade sexual e reprodutiva.

Ele também disse que forçar meninas a se casarem as divorcia de oportunidades e mina o cumprimento de 6 dos 8 ODM. CEFM aumenta a exposição de meninas a violência, abusos, e problemas de saúde relacionados a gravidez precoce e indesejada para as mães e os bebês (o risco de mortalidade infantil no primeiro ano de vida é 60% maior quando a mãe tem menos de 18 anos).

O Reino Unido e o UNICEF acreditam que estas são situações claras para se falar não.

Nosso Primeiro Ministro vai receber a primeira Conferência da Menina no dia 22 de julho – UNICEF é o co-organizador. Esperamos receber Ministros, especialistas, sociedade civil, organizações internacionais e setor privado. Durante a Conferência, queremos compartilhar nossas melhores experiências, acordar  uma declaração comum para acabar com FGM e CEFM em uma geração, e, esperamos, acordar um conjunto de compromissos concretos.

Muito progresso foi feito até agora. O UNICEF aponta para uma redução em casos de FGM e ótimos exemplos nos países com os índices mais altos. Estima-se que desde 2008, o programa conjunto entre UNICEF e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alcançou cerca de 10 mil comunidades em 15 países –  aproximadamente 8 milhões de pessoas – as quais pararam com esta prática completamente. Egito e Guiné-Bissau adotaram leis contra FGM e estão trabalhando muito para levar os agressores à justiça.

Entretanto, de acordo com a ONU, até 2030 ainda haverão 86 milhões de meninas em risco de sofrer FGM, e até 2020 142 milhões de meninas serão forçadas a casar antes dos 18 anos. São estas as meninas que precisamos ter em mente ao lutar por esta causa.

Podemos agir pelo fim da FGM e do CEFM dentro de uma geração. A Conferência da Menina trata justamente de dar voz a todos. Você pode se envolver de várias maneiras: aprenda mais, compartilhe informações, siga a Conferência online e manifeste seu apoio.

FGM e CEFM podem não ser problemas tão preocupantes em vários países, mas eles afetam o futuro da igualdade de gênero no mundo inteiro. Estas práticas são violações aos Direitos Humanos das meninas, direitos que o Reino Unido defende que são universais. Não devemos perder de vista o fato de que uma menina mutilada ou forçada a casar já é demais, e uma ameaça aos direitos de todas as meninas. Como eu disse antes, não há separação entre política externa e doméstica. E este é precisamente o tipo de assunto pelo qual todos deveríamos nos preocupar e trabalhar juntos para resolver.

About Ana Carolina Ribeiro

Carol joined the Embassy in April 2013 to work for the Political Team. Before coming to the FCO she worked at University of Brasilia with Policy Evaluation and at the…

Carol joined the Embassy in April 2013 to work for the Political Team. Before coming to the FCO she worked at University of Brasilia with Policy Evaluation and at the UN with Gender Equality, Reproductive Rights and Human Development. She has manged south-south projects between Brazil and countries such as Haiti and Guinea-Bissau. Her biggest interests are Human Rights, Regional Policy and Social Policy.

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