Uma das coisas que podemos nos orgulhar em ambos nossos países, Brasil e Reino Unido, é a quantidade e qualidade dos dados disponívels em relação a HIV/AIDS. Nos dois casos, há dados em tempo adequado e análises impressionantes. Isso é muito positivo – dados bons e confiáveis nos conduziram a políticas bem direcionadas e eficientes.
Por ser brasileira, sou um pouco mais familiarizada com o programa de governo de meu país para AIDS: diagnósticos gratuitos, rápidos e anônimos, medicamentos e tratamento de graça na rede pública e médicos especializados. Tudo isso somado a boas campanhas, que incentivam a prevenção e a proteção, assim como combatem à discriminação. Pesquisando sobre a política do Reino Unido, fiquei impressionada: em agosto deste ano, o governo publicou uma nota à imprensa contendo uma série de medidas que modernizam as regras sobre HIV para profissionais da saúde e para proteger o público. Calcula-se que um quarto da população vivendo com HIV ainda não foi diagnosticada e o acesso ao auto-teste precoce e ao tratamento podem melhorar suas vidas e ajudar a previnir novas infecções. E tudo isso enquanto se extinguem muitas das restrições a médica(o)s e enfermeira(o)s vivendo com HIV.
Em ambos países, as taxas de mortalidade são exemplares. Em 2011, menos de 1% das pessoas diagnosticadas com HIV no Reino Unido morreram. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade da população vivendo com HIV foi de 6,3 por cem mil. Estes números impressionantemente baixos nos deram a oportunidade de compartilhar nosso expertise com outros países e unir forças na luta contra HIV/AIDS. O Ministério para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID) tem um programa muito legal em Uganda para desenvolver uma perspectiva sensível ao gênero na prevenção do HIV, que tem como público-alvo jovens mulheres. O Brasil, que produz 11 dos 20 medicamentos que compõem o tratamento ARV, tem uma forte agenda de cooperação com a América do Sul e com a África de Língua Portuguesa – entre 2003 e 2011, o país doou mais de 30 mil tratamentos às esssas regiões.
Agora o que todos (e, neste momento, é claro que lembro do Bono) estão perguntando é: como e quando poderemos ter nossa primeira geração livre da AIDS? Bem, alguns dizem que estamos bem perto. Outros na ONU aconselham um otimismo cuidadoso, apontando para recentes aumentos nas infecções entre jovens. Pessoalmente, acho que estamos no caminho certo, mas não há ainda espaço para relaxar. Devemos manter o ritmo e garantir que bons diagnósticos e tratamentos sejam disponíveis a todo mundo e que as pessoas atualmente vivendo com HIV possam desfrutar de vidas longas e saudáveis.